sexta-feira, 18 de maio de 2012

Pessoal, segue novos poemas do Poeta Camilo Pessanha

Floriram por engano as rosas bravas

Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze --- quanta flor! --- do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

                           Camilo Pessanha
 
Crepuscular

Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.

As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados.

Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
--- Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.

As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
--- É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.

                         Camilo Pessanha
 
Estátua
Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, de frio escalpelo,
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.
Segredo dessa alma e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.
E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correto
Desse entreaberto lábio gelado...
Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
 
Esperamos que vocês gostem... até breve!! :)
 


Camilo Pessanha - Estátua



Montagem do poema Estátua de Camilo Pessanha, um video curto mas lindo!!

Aproveitem!! :)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pessoal, hoje vamos falar do Simbolismo no Brasil.

No Brasil, o simbolismo teve início no ano de 1893, com a publicação de duas obras de Cruz e Souza: Missal (prosa) e Broquéis (poesia). O movimento simbolista na literatura brasileira teve força até o movimento modernista do começo da década de 1920. 

O AUTOR RESPONSÁVEL PELO MOVIMENTO NO BRASIL FOI CRUZ E SOUZA:

Filho dos negros alforridos Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Souza - de quem adotou o nome de família, Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Aprendeu frances, latim e grego.
Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguns por ser negro. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgilio Varzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista  na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poetica baudelariana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos,todos mortos prematuramente por turbeculose, o que levou ele a loucura.
Faleceu a 19/03/1898  no município de Antonio Carlos em Minas Gerais, num povoado chamado Estação do Sítio, para onde fora transportado às pressas vencido pela tuberculose. Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro em um vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no Cemitério São Francisco Xavier  por seus amigos, dentre eles José do Patriocinio, onde permaneceu até 2007, quando seus restos mortais foram então acolhidos no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis.

OBRA:
Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliniteração), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à trasparencia, à translucidez, à nebulosidade aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.
No aspecto de influências do simbolismo, nota-se uma amálgama que conflui águas do satanismo de Baudelaire ao espiritualismo (e dentro desse, ideias budista e espíritas) ligados tanto a tendências estéticas vigentes como a fases na vida do autor.
Cruz e Sousa, por exemplo, é acusado de ter-se omitido quanto a questões referentes à condição negra. Mesmo tendo sido filho de escravos e recebido a alcunha de "Cisne Negro", o poeta João da Cruz e Sousa não conseguiu escapar das acusações de indiferença pela causa abolicionista. A acusação, porém, não procede, pois, apesar de a poesia social não fazer parte do projeto poético do Simbolismo nem de seu projeto particular, o autor, em alguns poemas, retratou metaforicamente a condição do escravo. Cruz e Sousa militou, sim, contra a escravidão. Tanto da forma mais corriqueira, fundando jornais e proferindo palestras por exemplo, participando, curiosamente, da campanha antiescravagista promovida pela sociedade carnavalesca Diabo a quatro, quanto nos seus textos abolicionistas, demonstrando desgosto com a condução do movimento pela família imperial.
Quando Cruz e Sousa diz "brancura", é preciso recorrer aos mais altos significados desta palavra, muito além da cor em si.


MISSAL E BRÓQUEIS:

A publicação das obras Missal e Broquéis em 1893, marca o início do Simbolismo no Brasil. Missal e Broquéis só não passaram despercebidas, enquanto obras, por força de uma pequena parte da crítica e de um público ainda mais restrito. O mérito só veio com o tempo e com o reconhecimento da genialidade de seu autor. Cabe lembrar que a poesia brasileira praticamente desconhecia a prosa entre suas publicações, poucos ou quase ninguém havia lido Charles Baudelaire, aliás um dos iniciadores do Simbolismo, o que obrigou a um certo estranhamento quanto a Missal. Mesmo Broquéis recebeu do público e da crítica opiniões divergentes. Foi atacado por José Veríssimo e exaltado por Sílvio Romero, e pareceu chocar os leitores acostumados com a poesia parnasiana, nitidamente dominadora naquele momento.
Os poemas de Cruz e Sousa abandonam o significado explícito e lógico para buscar a ilogicidade e a sugestão vaga, regras, aliás, de fundamental importância para a poética simbolista. A multiplicidade de imagens e de sonoridades gera uma explosão sensorial no leitor, conduzindo-o a um estado de espanto geral e de choque diante do inusitado. As imagens, aparentemente inconciliáveis, múltiplas e repetidas, despertam um psiquismo intenso. Essa fusão de abstrações cria o sensorialismo simbolista e faz brotar a novidade.


POEMA: ALMA FADIGADA
Nem dormir nem morrer na fria Eternidade!
Mas repousar um pouco e repousar um tanto,
Os olhos enxugar das convulsões do pranto,
Enxugar e sentir a ideal serenidade.

A graça do consolo e da tranqüilidade
De um céu de carinhoso e perfumado encanto,
Mas sem nenhum carnal e mórbido quebranto,
Sem o tédio senil da vã perpetuidade.

Um sonho lirial d'estrelas desoladas
Onde as almas febris, exaustas, fatigadas
Possam se recordar e repousar tranqüilas!

Um descanso de Amor, de celestes miragens,
Onde eu goze outra luz de místicas paisagens
E nunca mais pressinta o remexer de argilas!

POEMA: ALUCINAÇÃO
Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas,
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia,
Desespero do Mar, furiosa ventania,
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas.

Velhas chagas do sol, ensangüentadas chagas
De ocasos purpurais de atroz melancolia,
Luas tristes, fatais, da atra mudez sombria
Da trágica ruína em vastidões pressagas.

Para onde tudo vai, para onde tudo voa,
Sumido, confundido, esboroado, à-toa,
No caos tremendo e nu dos tempo a rolar?

Que Nirvana genial há de engolir tudo isto -
- Mundos de Inferno e Céu, de Judas e de cristo,
Luas, chagas do sol e turbilhões do Mar?!

Esperamos que vocês gostem... até breve!!



 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Hoje vamos falar um pouco sobre o Movimento Literário que Camilo Pessanha pertencia: O Simbolismo.

Simbolismo é uma tendência Literária da poesia e das outras artes que surgiu na França, no final do Século XIX, como oposição ao Realismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época.

CHARLES BAUDELAIRE
O percurusor desse Movimento Literário foi Charles-Pierre Baudelaire ele nasceu em 09/04/1821em Paris - França  e faleceu na mesma cidade em  31/08/1867, ele foi um poeta e teórico da arte francesa. Ele é reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as aartes plásticas do século XIX.
 Estudou no Colégio Real de Lyon. Em 1840 foi enviado pelo padrasto, preocupado com sua vida desregrada, à Índia, mas nunca chegou ao destino. Pára na ilha da Reunião e retorna a Paris. Atingindo a maioridade, ganha posse da herança do pai. Por dois anos vive entre drogas e álcool. Em 1844 sua mãe entra na justiça, acusando-o de pródigo, e então sua fortuna torna-se controlada por um notário.
Em 1857 é lançado As flores do mal contendo 100 poemas. O autor do livro é acusado, no mesmo ano, pela justiça, de ultrajar a moral pública. Os exemplares são apreendidos, pagando de multa o escritor 300 francos e a editora 100 francos.
Essa censura se deveu a apenas seis poemas do livro. Baudelaire aceita a sentença e escreveu seis novos poemas "mais belos que os suprimidos", segundo ele.
Mesmo depois disso, Baudelaire tenta ingressar na Academia Francesa. Há divergência, entre os estudiosos, sobre a principal razão pela qual Baudelaire tentou isso. Uns dizem que foi para se reabilitar aos olhos da mãe (que dessa forma lhe daria mais dinheiro), e outros dizem que ele queria se reabilitar com o público em geral, que via suas obras com maus olhos em função das duras críticas que ele recebia da burguesia.
Morreu prematuramente sem sequer conhecer a fama, em 1867, em Paris, e seu corpo está sepultado no Cemiterio Montparnasse, em Paris.


                                                  Charles Baudelaire (1827 - 1867)

SUA OBRA: AS FLORES DO MAL
A obra As Flores do Mal, considerada o marco da poesia moderna, com versos rigorosamente metrificado e rimados, que prefiguraram o Parnasianismo. Baudelaire tratou de temas e assuntos que vão do sublime ao escabroso, investindo liricamente contra as convenções morais que permeavam a sociedade francesa dos meados do século XIX. As Flores do Mal reúnem de modo exemplar uma série de motivos obra do poeta: a queda; a expulsão do paraíso; o amor; a morte; o tempo; o exílio e o tédio. Os poemas desta obra retratam como ninguém as mazelas do espírito humano.
Diversos poemas de As Flores do Mal foram cortados do livro como imorais, por decisão legal, num processo que só foi anulado em 1949. Nem mesmo suas dilacerantes contradições e dramas íntimos, alternando orações a Deus e ao diabo, transformando sua vida em uma prodigiosa confusão entre amor sublime e degradação, dissipação e trabalho intelectual, tudo isso agravado pela doença que o corroia, a sífilis que acabaria por levá-lo à morte em 1867, aos 46 anos, não o impediram de, à sua maneira, ser consistente. Comentário de Paul Valéry: As Flores do Mal não contêm poemas nem lendas nem nada que tenha que ver com uma forma narrativa. Não há nelas nenhum discurso filosófico. A política está ausente por completo. As descrições, escassas, são sempre densas de significado. Mas no livro tudo é fascinação, música, sensualidade abstrata e poderosa.


POEMA: REMORSO PÓSTUMO:
Quando fores dormir, ó bela tenebrosa
Em fundo de uma cripta em mármore lavrada
Quando tiveres só por alcova e morada
O vazio abismal de carneira chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua fronte medrosa
E teus flancos a arfar de exaustão encantada,
Mudar teu coração numa furna calada
Amarrando-te os pés na rota aventurosa,

A tumba, confidente do sonho infinito
(Pois toda a vida a tumba há de entender o poeta),
Pela noite imortal de que o sono é prescrito,

Te dirá: "De que serve, hetaira incompleta,
Não teres conhecido o que choram os mortos?"
E os vermes te roerão assim como os remorsos.

Charles Baudelaire (As flores do mal)



PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DO SIMBOLISMO:

 Misticismo e espiritualismo – A fuga da realidade leva o poeta simbolista ao mundo espiritual. É uma viagem ao mundo invisível e impalpável do ser humano. Uso de vocabulário litúrgico: antífona, missal, ladainha, hinos, breviários, turíbulos, aras, incensos.

Falta de clareza – Os poetas achavam que era mais importante sugerir elementos da realidade, sem delineá-los totalmente. A palavra é empregada para ter valor sonoro, não importando muito o significado.

Subjetivismo – A valorização do “eu” e da “irrealidade”, negada pelos parnasianos, volta a ter importância.

Musicalidade – Para valorizar os aspectos sonoros das palavras, os poetas não se contentam apenas com a rima. Lançam mão de outros recursos fonéticos tais como:

Aliteração – Repetição seqüencial de sons consonantais. A seqüência de palavras com sons parecidos faz que o leitor menospreze o sentido das palavras para absorver-lhes a sonoridade. É o que ocorre nos versos seguintes, de Cruz e Sousa:

Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpia dos violões, vozes veladas,

Vagam nos velhos vórtices velozes,

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

(Violões que Choram)

Assonância – É a semelhança de sons entre vogais de palavras de um poema.

Sinestesia – Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético. Vejamos algumas construções sinestésicas: som vermelho, dor amarela, doçura quente, silêncio côncavo.

Maiúsculas no meio do verso – Os poetas tentam destacar palavras grafando-as com letra maiúscula.



Transcendentalismo  Um dos princípios básicos dos simbolistas era sugerir através das palavras sem nomear objetivamente os elementos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia. Para interpretar a realidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica. Preferem o vago, o indefinido ou impreciso. O fato de preferirem as palavras névoa, neblina, e palavras do genêro.
 
Obsessão pelo branco - (outra característica do simbolismo) Como no poema de Cruz e Sousa:
"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras..." [...]
Dado esse poema de Cruz e Souza, percebe-se claramente uma obsessão pelo branco, sendo relatado com grande constância no simbolismo.

O Simbolismo em Portugal liga-se às atividades das revistas Os Insubmissos e Boêmia Nova, fundadas por estudantes de Coimbra, entre eles Eugênio de Castro, que ao publicar um volume de versos intitulado Oaristos, instaurou essa nova estética em Portugal. Contudo, o consolidador estará, a esse tempo, residindo verdadeiramente no Oriente - trata-se do poeta Camilo Pessanha, venerado pelos jovens poetas que irão constituir a chamada Geração Orpheu.O movimento simbolista durou aproximadamente até 1915, altura em que se iniciou o Modernismo.

Escritores Simbolistas franceses que merecem destaques são:
Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Stéphane Mallarmé

E os escritores portugueses que merecem destaques também são:
O principal que é Camilo Pessanha, Antonio Nobre, Augusto Gil, e Eugénio de Castro

SIMBOLISMO NAS ARTES PLÁSTICAS:

Oriundo do impressionismo, Paul Gauguin  deixa-se influenciar pelas pinturas japonesas que aparecem na Europa, provocando verdadeiro choque cultural - e este artista abandona as técnicas ainda vigentes nas telas do movimento onde se iniciou, como a perspectiva, pintando apenas em formas bidimensionais. A temática alegórica passa a dominar, a partir de 1890. Ao artista não bastava pintar a realidade, mas demonstrar na tela a essência sentimental dos personagens - e em Gauguin isto levou a uma busca tal pelo primitivismo que o próprio artista abandonou a França, indo morar com os nativos da Polinésia francesa.
Na França outros artistas, como Gustave Moreau,Odilon Redon, Maurice Denis, Paul Sérusier, e Aristide Maillol, aderem à nova estética.
O norueguês Edvard Munch, autor do célebre quadro "O grito", alia-se primeiro ao simbolismo, antes de tornar-se um dos expoentes do expressionismo.


220 px- Paul Gauguin_005

O Grito
Edvard Munch

SIMBOLISMO NO TEATRO:
Buscaram os autores, dentre os quais o belga Maeterlinck, o italiano Gabriele D'Annunzio e o norueguês Ibsen, levar ao palco não personagens propriamente ditos, mas alegorias a representar sentimento, idéia - em peças onde o cenário (som, luz, ambiente, etc.) tenham maior destaque.


Pessoal, na próxima semana vamos falar exclusivamente do Simbolismo no Brasil.
Esperamos que gostem.... até breve!!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Poemas de camilo pessanha



Esta é um montagem com os poemas de Camilo Pessanha, entre eles INTERROGAÇÃO  que já  foi publicado para vocês.
Lindo... vale a pena conferir!!

POEMA INTERROGAÇÃO

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Camilo Pessanha

SONETO SAN GABRIEL I
Inútil! Calmaria. Já colheram
As velas. As bandeiras sossegaram,
Que tão altas nos topes tremularam,
- Gaivotas que a voar desfaleceram.

Pararam de remar! Emudeceram!
(Velhos ritmos que as ondas embalaram)
Que cilada que os ventos nos armaram!
A que foi que tão longe nos trouxeram?

San Gabriel, arcanjo tutelar,
Vem outra vez abençoar o mar,
Vem-nos guiar sobre a planície azul.

Vem-nos levar à conquista final
Da luz, do Bem, doce clarão irreal.
Olhai! Parece o Cruzeiro do Sul!

Camilo Pessanha

SONETO SAN GABRIEL II
Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montão de estrelas.

Outra vez vamos! Côncavas as velas,
Cuja brancura, rútila de dia,
O luar dulcifica. Feeria
Do luar não mais deixes de envolvê-las!

Vem guiar-nos, Arcanjo, à nebulosa
Que do além mar vapora, luminosa,
E à noite lactescendo, onde, quietas,

Fulgem as velhas almas namoradas...
- Almas tristes, severas, resignadas,
De guerreiros, de santos, de poetas.

Camilo Pessanha
Abaixo segue a foto do manuscrito do Soneto San Gabriel I e as informações sobre essa obra do autor:
Pessanha, Camilo, 1867-1926
San Gabriel 1898; Macau; [2] p.; ms.
Nota(s): 1º vº :«Inutil! Calmaria. Já colheram». Letra do punho de José Pessanha. Publicado em «Jornal Único», Macau, 1898 e reunido em «Clépsidra». Lisboa : Ática, 1945, p. 45-48.
Referencias:

Até breve!!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Camilo Pessanha (09/04/2008)




Essa entrevista é do presidente da Associação Wenceslau de Moares, o Sr. Pedro Barreiros a um emissora portuguesa, na homenagem que a Associação fez aos 140 anos do nascimento desse grande poeta em 2008.
Este ano assinalaram-se 145 anos do nascimento, em Coimbra, do poeta Camilo Pessanha.
Em 2007 em homenagem aos 140 do nascimento desse grande poeta,  a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra teve patente uma exposição sobre a sua vida e obra, intitulada “Um poeta ao longe”, criada pela Associação Wenscelau de Morais e apoiada pela Fundação Oriente.
Um pequeno livro foi lançado um ano depois, em 2008 intitulado " O Essencial sobre Camilo Pessanha", na muito útil colecção “Essencial” da Imprensa Nacional, da pena do crítico literário, escritor e professor brasileiro Paulo Franchetti (UNICAMP), o autor nessa obra faz um resumo da vida do poeta e comenta brevemente a sua obra. Franchetti já tinha sido o autor da edição crítica da “Clepsydra”, o único livro de Pessanha, na editora Relógio d’Água. O livro-resumo  está na grafia e sintaxe do português europeu.

A OBRA:
O livro “O Essencial sobre Camilo Pessanha” está mais ou menos dividido ao meio, com os três capítulos iniciais dedicados à vida e três capítulos finais dedicados à obra.

CURIOSIDADES DA OBRA:
O professor Paulo Franchetti recorda que Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro foram, ainda quando Pessanha estava vivo, grandes admiradores da sua obra. Pessoa chegou a escrever uma carta a Pessanha pedindo-lhe versos para a revista “Orpheu” (revista coimbrã)
E em 1934, oito anos depois da morte de Pessanha, Pessoa escrevia: “A cada um de só três poetas, no Portugal dos séculos XIX a XX, se pode aplicar o nome de ‘Mestre’. São eles Antero de Quental, Cesário Verde e Camilo Pessanha” (...) O terceiro ensinou a sentir veladamente; descobriu-nos a verdade de que para ser poeta não é mister trazer o coração nas mãos, senão que basta trazer nelas os simples sonhos dele.
 Mário de Sá Carneiro tembém  o seguinte comentario ao ler Pessanha: “Os seus poemas engastam mágicas pedrarias que transmudam cores e músicas, estilizando-as em ritmos de sortilégio – cadências misterosas, leoninas de miragem, oscilantes de vago, incertas de Íris.

Paulo Franchetti, “O Essencial sobre Camilo Pessanha”, Imprensa Nacional /Casa da Moeda, 2008.

Referencias:
http://dererummundi.blogspot.com.br/2008/03/o-essencial-sobre-camilo-pessanha.html

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pessoal...
vocês sabiam que Camilo Pessanha era viciado em Ópio? Não só ele mas vários poetas da época?  Esse medicamento era recomendado para fins terapêuticos com a finalidade de aliviar a ansiedade, sentimento de desconfiança, euforia, flash e etc.
Ficou curioso para saber mais?  Click no link abaixo e leia um artigo completo sobre Ópio
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/drogas/opio-5.php

Agora,  segue dois links de manuscritos  das  obras de Camilo Pessanha ,  um é dos  poemas CAMINHO  e o outro é do Soneto Ó MEU CORAÇÃO TORNA PRA TRÁS, ambos já foram publicados para vocês aqui no blog, esperamos que  gostem...

http://purl.pt/14575   Este é o link do manuscrito  dos poemas CAMINHO

http://purl.pt/14579   Este é o link do manuscrito do Soneto  Ó MEU CORAÇÃO TORNA PRA TRÁS

Referências: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/drogas/opio-5.php
                     http://purl.pt/14369/1/man-autor-poesia-sonetos.html


 Galera... fiquem a vontade!!

Até breve!!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pessoal...
Segue algumas dicas de leitura do nosso blog pra você estudantes, ou não, sobre a importancia da Literatura nos vestibulares!!

O link a seguir fala sobre o Simbolismo, tem um  resumo breve e um simulado de vestibular:


Essa próxima dica é o link de um Blog da professora Gerlane
Essa próxima dica é um site com simulados de Vestibulares relacionados a literatura em Geral:


Aproveitem galera... essas páginas são ótimas!!!

Até breve!!



sexta-feira, 30 de março de 2012




CAMINHO I

Tenho sonhos cruéis; n'alma doente 
Sinto um vago receio prematuro. 
Vou a medo na aresta do futuro, 
Embebido em saudades do presente... 

Saudades desta dor que em vão procuro 
Do peito afugentar bem rudemente, 
Devendo, ao desmaiar sobre o poente, 
Cobrir-me o coração dum véu escuro!... 

Porque a dor, esta falta d'harmonia, 
Toda a luz desgrenhada que alumia 
As almas doidamente, o céu d'agora, 

Sem ela o coração é quase nada: 
Um sol onde expirasse a madrugada, 
Porque é só madrugada quando chora

CAMINHO II
Encontraste-me um dia no caminho 
Em procura de quê, nem eu o sei. 
- Bom dia, companheiro, te saudei, 
Que a jornada é maior indo sozinho 

É longe, é muito longe, há muito espinho! 
Paraste a repousar, eu descansei... 
Na venda em que poisaste, onde poisei, 
Bebemos cada um do mesmo vinho. 

É no monte escabroso, solitário. 
Corta os pés como a rocha dum calvário, 
E queima como a areia!... Foi no entanto 

Que choramos a dor de cada um... 
E o vinho em que choraste era comum: 
Tivemos que beber do mesmo pranto. 


CAMINHO III
Fez-nos bem, muito bem, esta demora: 
Enrijou a coragem fatigada... 
Eis os nossos bordões da caminhada, 
Vai já rompendo o sol: vamos embora. 

Este vinho, mais virgem do que a aurora, 
Tão virgem não o temos na jornada... 
Enchamos as cabaças: pela estrada, 
Daqui inda este néctar avigora!... 

Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho, 
Eu quero arrostar só todo o caminho, 
Eu posso resistir à grande calma!... 

Deixai-me chorar mais e beber mais, 
Perseguir doidamente os meus ideais, 
E ter fé e sonhar - encher a alma.


domingo, 25 de março de 2012

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capas/obras-literarias/camilo-pessanha.php

A LITERATURA PORTUGESA ATRAVES DOS TEXTOS  - Massaud  Moisés. 30º Ed. São Paulo. Cultrix, 2006

http://josemariaalves.blogspot.com.br/2009/07/camilo-pessanha-o-meu-coracao-torna.html

http://www.citador.pt/poemas/vida-camilo-pessanha
SONETO E POEMAS -

Ó MEU CORAÇÃO, TORNA PARA TRÁS

Ó meu coração, torna para trás.
Onde vais a correr, desatinado?
Meus olhos incendiados que o pecado
Queimou – o sol! Volvei, noites de paz.

Vergam da neve os olmos dos caminhos.
A cinza arrefeceu sobre o brasido.
Noites da serra, o casebre transido...
Ó meus olhos, cismai como os velhinhos.

Extintas primaveras evocai-as:
- Já vai florir o pomar das macieiras.
Hemos de enfeitar os chapéus de maias. –

Sossegai, esfriai, olhos febris.
- E hemos de ir cantar nas derradeiras
Ladainhas... Doces vozes senis... –
VIDA

Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!
Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.
Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!

Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.
Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
_ E se arde tudo? _ Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'


 
Principal Obra de Camilo Pessanha:

Em Clepsidra, Camilo Pessanha distancia-se de uma situação concreta e pessoal, e sua poesia é pura abstração.
Clepsidra, título simbólico, que se refere a um instrumento de medição do tempo dado na Grécia aos oradores, instrumento do tipo da ampulheta, mas no qual corria água. Foneticamente o título lembra igualmente "hidra", o monstro devorador. O título aponta, assim, para a fragilidade da vida e da condição humana.
Intimamente relacionado com estes temas estão o da desistência e soçobramento, como sentimentos; o receio ou náusea pela consumação dos desejos; a apatia contemplativa e a abulia (incapacidade de querer); a realidade vista como ambígua; a importância da música. Por outro lado, trata-se de uma poesia intelectual que se debruça sobre a problemática do conhecimento - o homem só atinge os fenômenos, as aparências do real, e não a essência, o verdadeiro real; o homem só pode dispor de coisas mutáveis, indefinidas, inconsistentes, fugidias.
O livro foi publicado em 1920 sob os cuidados editoriais de Ana de Castro Osório, por quem o poeta se enamorou.



Biografia:
Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, Portugal em 07 de Setembro de 1869.
Em 1887 ingressou na Universidade de Coimbra para cursar Direito e  concluiu o curso em 1891.
Em 1894 se mudou para Macau onde começou a lecionar Filosofia, sua saúde começou a ficar fragilizada, Pessanha retorna a Coimbra várias vezes para se tratar, alguns estudiosos argumentam que ele fora cometido de tuberculose e seu quadro agravou devido ao vicio.
Em 1922 veio  a público a sua obra Clepsidra considerada a obra de maior importancia do poeta.
Camilo Pessanha faleceu em 1926 aos 46 anos em Macau, nos deixando seus maravilhosos Sonetos e poemas.
Camilo Pessanha é considerado um dos poetas  expoentes do  Simbolismo.

terça-feira, 20 de março de 2012


1. INTRODUÇÃO
             Este projeto foi desenvolvido com o objetivo de disseminar o conhecimento da Literatura Portuguesa, mais precisamente das Obras Literárias de Camilo Pessanha. A divulgação do projeto será feita através da rede social, que atualmente é um dos meios de comunicação mais utilizados e que proporciona acesso rápido à informação. Atingindo assim, todas as faixas etárias e despertando, a curiosidade e a vontade de adquirir esse conhecimento tão belo, motivador e transformador que somente a Literatura nos proporciona.
2. PROJETO: LITERATURA PORTUGUESA/ CAMILO PESSANHA
2.1 OBJETIVOS
- Objetivos Gerais:
·  Ampliar o conhecimento de todas as pessoas, estudantes ou não de Letras, sobre a Literatura Portuguesa.
·   Promover e popularizar o conhecimento através da rede social.
·  Estimular a leitura das Obras Literárias de Camilo Pessanha.
·   Sensibilizar adultos, jovens e adolescentes através da Literatura.

- Objetivos específicos:

·    Criar um Blog na Internet para divulgação das obras de Camilo Pessanha.
·  Pesquisar biografia, obras de Camilo Pessanha, proporcionando ganhos na aquisição de conhecimento e qualificação na formação dos futuros formandos de Letras.
·    Pesquisar e divulgar qual é a utilização da Literatura Portuguesa no mundo acadêmico e fora dele.
·   Fazer com que o Blog seja bem atrativo e fonte segura de informação e entretenimento.

2.2 JUSTIFICATIVAS

Este projeto foi criado com a intenção de estimular a leitura das Obras Literárias de Camilo Pessanha, e através do conhecimento, transformar o mínimo que seja, o individuo que o ler. Dar visibilidade a Literatura e mostrar o quanto ela é importante para a formação do cidadão.

Disputar espaço na internet não é algo fácil, devido à quantidade de informação que nela existe e que muitas vezes, são informações de qualidade duvidosa, isso faz desse projeto e dessa proposta de ensino, algo diferenciado e desafiador.

  2.3 METODOLOGIA APLICADA
-  A partir da escolha do tema, divisão das tarefas para cada membro do grupo.
- Pesquisas na Biblioteca e assuntos relacionados ao tema em sites na internet.
- Discussão sobre qual é o objetivo do projeto, levantando os seguintes questionamentos:
  • Qual é a utilização da Literatura no mundo acadêmico? E fora dele?
  • Como as obras de Camilo Pessanha estão presentes no dia a dia das pessoas?
  • Qual a importância de se obter esse conhecimento?
  • Como estimular jovens e adolescentes a buscar esse tipo de conhecimento?
  • Existe algum tipo de preconceito para aqueles que se dedicam a essa área de estudo?
  • Qual a importância desse projeto na preparação dos futuros professores?
- Criação do blog.
- Atualização semanal do blog